[Escreve aí] Lilian Farias

Olá, Encantados!

A coluna deste mês temos como convidada Lilian Farias, autora de O Céu é Logo Ali e Mulheres que Não Sabem Chorar. Ela já participou em nosso blog concedendo uma entrevista para o Formadores de Encantos, quem quiser dar um olhadinha é só CLICAR AQUI. Para quem não lembra como funciona a coluna é assim: vamos propor um tema para algum autor/blogueiro  e ele escreverá um texto (tipo de texto, grande ou pequeno, fica a critério) abordando sobre determinado tema.

O tema proposto foi:

A vida perfeita. Verdade, sonho ou ilusão?

Para um vida perfeita Lilian falou sobre Felicidade.

Afinal, o que é felicidade?

Segundo o Aurélio felicidade é: s.f. Estado de perfeita satisfação íntima; ventura. / Beatitude; contentamento, grande alegria, euforia, grande satisfação. / Circunstância favorável, bom êxito, boa sorte, fortuna: ele teve a felicidade de escapar do desastre.

Sou formada em Letras-Português, mas nem sempre concordo com a gramática ou com o dicionário. Às vezes, tão elitistamente, denominado ‘pai dos burros’.

A Física Quântica defende que existem várias realidades. E, se existe várias realidades, por que existia um único conceito de felicidade?

Seria possível que eu, uma reles mortal, respondesse a essa pergunta? Tenho minhas dúvidas! Como diz o querido Heráclito “"Ninguém entra em um mesmo rio uma segunda vez, pois quando isso acontece já não se é o mesmo, assim como as águas que já serão outras." Tudo flui!

Visto que tudo flui, esse texto ficará petrificado, depois de mostrado ao mundo, não dá mais para mudá-lo, após a primeira leitura. Eu até posso mudar a ideia original, mas algumas pessoas já leram estas palavras... e a minha realidade de amanhã, muito provavelmente, não será a mesma de hoje.

Então, a minha felicidade de hoje, provavelmente, não será a mesma de amanhã! Sinto a felicidade tão abstrata que não consigo pega-lá em toda a sua dimensão e colocá-la numa caixa e depois numa prateleira e vender.

Poderia o infinito caber dentro de uma caixa?

Pois é, o conceito de felicidade pode ser tão relativa quanto infinita. Como enquadrá-lo?

Para alguns, felicidade é passar no vestibular; depois terminar a faculdade; depois conseguir um bom emprego; uma casa própria; casar ou não; se sentir livre dentro das convenções sociais.

E o grande sábio Raul Seixas já dizia na celebre letra Ouro de Tolo: Eu devia estar contente Porque eu tenho um emprego/ Sou um dito cidadão respeitável / E ganho quatro mil cruzeiros/ Por mês/ Eu devia agradecer ao Senhor/ Por ter tido sucesso na vida como artista/ Eu devia estar feliz/ Porque consegui comprar um Corcel 73/ Eu devia estar alegre e satisfeito Por morar em Ipanema /Depois de ter passado fome por dois anos/ Aqui na Cidade Maravilhosa/ Ah! Eu devia estar sorrindo e orgulhoso / Por ter finalmente vencido na vida/ Mas eu acho isso uma grande piada/ E um tanto quanto perigosa / Eu devia estar contente/ Por ter conseguido tudo o que eu quis/ Mas confesso abestalhado / Que eu estou decepcionado/ Porque foi tão fácil conseguir/ E agora eu me pergunto: E daí? (...)

Rotular dentro das caixas das convenções sociais se tornou tão comum, que quando as pessoas me perguntam: - Lilian, seu livro tem final feliz?

Eu respondo com outra pergunta: - Depende! O que é final feliz para você?

E diante dessa pergunta rotineira, eu questiono: afinal, o que é felicidade?

Sobre a autora:


Lilian Farias nasceu em 1985, é formada em Letras/Português pela UPE - Universidade de Pernambuco. Dá aula e ama escrever poesias. Autora do romance O céu é logo ali e Mulheres que não sabem chorar, além de blogueira literária. "Amo escrever sobre aquilo que incomoda, não tenho medo do preconceito!" Trabalha no movimento Social.













Abraços, e até próximo mês, não esqueçam de contar o que acharam.